Crítica: Homem-Aranha: De Volta ao Lar
- Monsieur L.
- 14 de jul. de 2017
- 4 min de leitura
Homem-Aranha: De Volta ao Lar
O filme do Teioso que precisávamos com alguns erros que não queríamos
Em 2002, Sam Raimi trouxe para os cinemas as aventuras do Homem-Aranha pela primeira vez. Seguido disso, vimos uma sequência incrível e inesquecível com Homem-Aranha 2. Depois disso, fomos "presenteados" com o terceiro filme da trilogia, que foi terrível e seguido de um reboot e sua sequência que foram, no mínimo, duvidosos. Necessitando de novos ares, nosso amigo da vizinhança recebeu o carinho devido em uma parceria entre Sony e Marvel e assim nasceu Homem-Aranha: De volta ao Lar.
Nesse longa, vemos o jovem Peter Parker/ Homem-Aranha (Tom Holland), que, após sua empolgante experiência com os Vingadores, volta para casa, onde vive com sua tia May (Marisa Tomei) e sob o olhar atento de seu novo mentor Tony Stark (Robert Downey Jr.). Peter tenta entrar de cabeça em sua rotina, mas é constantemente distraído por causa de sua vontade de se provar digno de ser um herói e não apenas um benfeitor da vizinhança. Mas quando o Abutre (Michael Keaton) aparece como um novo vilão, tudo o que Peter considera mais importante é ameaçado e ele terá que encontrar em si a força para vencer ao vilão e, no processo, se consolidar como um verdadeiro herói.
De uma forma fascinante, Jon Watts dá a direção certa ao filme. Com cenas incríveis no colégio, além de bons diálogos e cenas de tensão, o diretor consegue dar o tom certo ao longa e tirar dos moldes megalomaníaco de cinema que a Marvel vem trazendo. Aqui, nada de vilão tentando dominar o mundo; nada de herói mega poderoso e imbatível ou nada de histórias pouco críveis. O roteiro e a direção trabalham bem e o resultado é um filme que te agrada visualmente e te prende pela estória. Além disso, é notório as referências aos filmes de John Hughes (diretor de “Curtindo a vida adoidado, Clube dos Cinco, Gatinhas e Gatões”). E, mais ainda, o filme tem um molde inspirado nessas obras do diretor, que faz com que De Volta ao Lar seja um filme muito diferente dos seus antecessores e, mesmo assim, um filme incrível. E, sem contar das fontes bebidas, como o universo Ultimate e até mesmo o Homem-Aranha de Tobey Maguire.
Em questão aos atores principais, temos Tom Holland dando um show no papel de Peter e do teioso. Enquanto os outros filmes do Homem-Aranha víamos ou um Peter bom ou um Homem-Aranha bom, nesse vemos que Holland entrega maravilhosamente bem os dois lados da moeda. Vemos um Nerd tecnológico, empolgado e curioso, além disso vemos um herói que quer se provar e tentar fazer o bem, mesmo que erre no processo. Nisso, o filme acerta em cheio.
Quanto ao vilão, creio que seja o ponto forte do filme. A trama do vilão é conveniente, você consegue enxergar o propósito dele. De uma forma extraordinária, você vê as dimensões do personagem e entende suas motivações. Ademais, o brilho vem da atuação de Michael Keaton. Suas expressões, sua voz, seus gestos. Tudo faz com que o personagem seja marcante e o ator entrega de forma esplendorosa em sua atuação. Com auxílio da ótima direção, o Abutre tem cenas belíssimas e também cenas de muita tensão. De longe, esse é um dos melhores vilões que a Marvel trouxe aos cinemas.
Tony Stark? Essa era a dúvida de todos quanto ao tempo de tela e sua importância na trama. E, sim, ele tem sua importância, mas aparece um tempo pequeno em tela e sua aparição pontuada é excelente e significativa. Portanto, Robert Downey Jr. entrega um Tony mais maduro, devido acontecimentos de Guerra Civil, além de se portar como um mentor, auxiliado de Happy Hogan (Jon Favreau), que fica encarregado de supervisionar o jovem Peter.
Porém, alguns erros existem. E, em sua maioria, está em alguns personagens. A ideia de mudar certas etnias e outros detalhes dos personagens é boa, mas se algumas mudanças tiram parte da essência do personagem, então não devem ser feitas. Flash (Tony Revolori) é exemplo disso. Apesar de ser o bully, ele não tem impacto em Peter e sequer tem uma relevância como personagem, ignorado até por outros personagens. Outro problema é a Tia May, interpretada pela Marisa Tomei. A química entre tia e sobrinho quase não existe, sendo trocada por uma ideia quase de irmã mais velha e gostosona. É agoniante ver que uma personagem fundamental para a formação de caráter do herói virou uma tia sexy e sem os habituais conselhos formativos. Uma personagem que, em suma, foi interessante foi Michelle (Zendaya). A coadjuvante tem um "quê" nerd, esquisita e antissocial, porém também carrega um humor ácido e crítico muito interessante. O maior erro foi o twist que o enredo dá na personagem no fim do filme, que além de mal explicado, torna a personagem muito dessemelhante de sua equivalente das HQs.
Em relação a atuação de Jacob Batalon, vemos um Ned Leeds super cômico. É intrigante como o personagem representa o público, desde suas ações de empolgação até suas atitudes para ajudar seu amigo herói. Sua relação de amizade com Peter é crível e é, com certeza, o alivio cômico do filme. E, quanto a Laura Harrier, ela entrega uma Liz que foge do padrão das patricinhas. Ela é decidida, inteligente, confiante e, diferente do padrão, conhece e corresponde ao sentimento do protagonista. Não é uma personagem com muitas camadas mas tem uma boa virada e o longa nos faz se importar com ela.
Um aspecto que deve ser legado em conta é a trilha sonora. Apesar do tema do herói ser um pouco apagada nas cenas, é legal ver o tema antigo do Homem-Aranha sendo revitalizado e ganhando uma versão mais moderna. E, junto com as trilhas, vimos músicas dos anos 80, com direito a Ramones, que foi um grande acerto ao filme.
Homem-Aranha: De volta ao Lar é um filme divertidíssimo, com cenas hilárias, um herói em construção e um vilão marcante. De fato, parece uma versão Marvel de "Curtindo a vida adoidado", mas apesar de ser inspirado nesse longa, De volta ao Lar caminha com suas próprias pernas e consegue conquistar seu objetivo: entreter e mostrar a forma definitiva do herói mais querido e chegado da vizinhança.
Nota: 8,5
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